A prevenção ao uso indevido de drogas psicoativas não deve ser praticada por pessoas sem o devido preparo. Uma intervenção mal feita poderá trazer mais danos a comunidade do que benefícios. A idéia de que é melhor fazer alguma coisa do que não fazer nada não é correta. O “fazer alguma coisa” por pessoal não habilitado, pode causar danos de difícil recuperação. A invasão de salas aula, de empresas e até mesmo de famílias para intervenções breves realizadas, por dependentes em recuperação, por grupos religiosos, por inescrupulosos sem as mínimas condições, com palestras, cartazes, folders e aconselhamentos, tem demonstrado que desperta mais curiosidade e estímulo ao uso de drogas psicotrópicas do que auxilia na redução do consumo.

As entidades, as famílias e a comunidade em geral, devem ser orientadas a procurarem instituições ou grupos de reconhecido mérito ou especialistas para auxiliá-los.

O uso indevido de drogas psicoativas deve ser prevenido utilizando-se métodos e técnicas cientificamente adequados a cada situação, para cada tipo de população, para cada indivíduo e para um determinado momento.

Doze anos de trabalho praticado pelos autores, na área da prevenção ao uso indevido de drogas psicoativas, permitiram estabelecer princípios básicos que poderiam ser seguidos por aqueles que desejarem intervir nessa especialidade.

 

1 – O processo de prevenção deve ser reflexivo o suficiente para que as pessoas atingidas revisem seus paradigmas com relação ao assunto.

2 – Ele deve ser contínuo para sua consolidação.

3 – Deve ser paciencioso, para não se perder a calma com aqueles que não aceitam mudanças e nem querem discuti-las.

4 – Consistente o suficiente para demonstrar o embasamento científico de seus princípios.

5 – O processo deve ser provocante, para despertar respostas criativas entre os participantes.

6 – Inovador, para despertar muita curiosidade nas pessoas.

7 – Deve, ainda, ser agradável ou prazeroso, para ser capaz de estimular o Circuito Central de Recompensa do Sistema Nervoso Central das pessoas.

8 – Multidisciplinar, para envolver o maior número possível de áreas do conhecimento.

9 – Também deve buscar a transdisciplinaridade, através da integração interdsiciplinar visando a construção de um sistema que rompa, verdadeiramente, as fronteiras entre as áreas do conhecimento.

10 – Por fim, deve ser específico e envolvente para uma determinada população, para atender suas necessidades, despertar o espírito de grupo e, a solidariedade humana.

 

Prof. MSc. Fernando Amarante Silva

Titular de Farmacologia da Fundação Universidade Federal do Rio Grande

Coordenador do CENPRE

dcffas@super.furg.br

 

Profa. MSc. Eli Sinnott Silva

Professora Adjunta de Farmacologia da Fundação Universidade Federal do Rio Grande

Responsável pelo Serviço de Prevenção do CENPRE

eli@octopus.furg.br